segunda-feira, 8 de junho de 2020

PELO FIM DO DECRETO DA FOME (896/20), COM IMEDIATA READMISSÃO DOS CONTRATOS E DOBRAS E PELA UNIFICAÇÃO DO ANO LETIVO DE 2020 E 2021!

PELO FIM DO DECRETO DA FOME (896/20), COM IMEDIATA READMISSÃO DOS CONTRATOS E DOBRAS E PELA UNIFICAÇÃO DO ANO LETIVO DE 2020 E 2021!

O SIMSED convoca os trabalhadores da educação para se manifestarem pela readmissão dos mais de 3 mil contratos e dobras, suspensas pelo decreto 896/20. A manifestação irá acontecer às 9 da manhã de terça-feira (9 de junho), no Paço Municipal. Manteremos todos os critérios de segurança sanitária, com o distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel.

Vamos aproveitar o momento para entregar ao prefeito um documento com duas principais reivindicações. Primeiro, cobrando a readmissão dos servidores afastados. Segundo, exigindo a participação dos profissionais da educação na elaboração de atividades complementares que permita o vínculo com os estudantes.

A respeito do primeiro ponto, suspensão dos contratos e dobras, entendemos que além de desumana, ocorre em um momento de pandemia, em que várias empresas estão fechadas e o desemprego está em alta. Portanto, esses profissionais se encontraram em uma situação desesperadora, pois não têm onde encontrar outras fontes de renda para a sua sobrevivência. A prefeitura, ao suspender os contratos, ignorou que muitos desses educadores são pais e mães que sustentam através desse salário suas famílias. A única ajuda que encontraram foram dos seus próprios colegas de trabalho, que com solidariedade classista, se organizaram para doar cestas básicas buscando amenizar a situação desesperadora de pessoas sem salário. Essa medida da prefeitura não foi por falta de dinheiro, mas por falta de vontade política.

A respeito do segundo ponto, entendemos que a atual plataforma de ensino elaborada pela prefeitura transforma os educadores em tutores, desconsiderando o papel do professores no processo de ensino e aprendizado. Ela foi feita de forma autoritária, ignorando a participação destes profissionais. Por isso cobramos que os trabalhadores da educação tenham autonomia na construção de um processo de vínculo com os estudantes, durante esse momento em que as Escolas e Cmeis precisam permanecer fechados.

Exigimos que esse processo de educação à distância seja reformulado, chamando os profissionais da educação a participarem, a terem voz e que possam construir junto aos seus alunos e as famílias, formas de vínculos respeitando todas as particularidades desse momento de pandemia e isolamento social. São os professores que conhecem seus alunos, que conseguem estabelecer as melhores formas de desenvolver habilidades, brincadeiras, entre outras formas de interação para amenizar os impactos que a pandemia está causando na vida dessas crianças. Isso ressalta a importância da retomada de todos os contratos, pois seria impossível restabelecer esse vínculo se muitos professores estão afastados de suas funções, com contratos e dobras suspensos.
      Os professores não podem ser transformados em meros tutores (limitado a tirar dúvidas), reféns desse modelo de aulas remotas. No momento os pais dos alunos se transformam nos mediadores de conhecimento ( função do professores ), e estão reconhecendo o quanto é difícil ensinar, percebendo a importância dos profissionais da educação na vida de seus filhos, profissionais que para desenvolver essa função com qualidade se formaram e se especializaram para buscar em meio a tantos desafios, transmitir e desenvolver o conhecimento e a aprendizagem com seus alunos.

     Também é importante reconhecer que nesse momento a aprendizagem não irá acontecer num ritmo normal, mediante todas as limitações de um ensino à distância, e também por todos os impactos que a pandemia está causando na vida dos alunos. Muitos estão tendo que lidar com a perca de entes queridos, com a desestruturação econômica das famílias, etc.. A escola nesse momento tem a tarefa de ajudar os estudantes a processarem essa realidade. Não é hora de pensar em avaliações, impor novos conteúdos curriculares, sobrecarregando e pressionando os alunos, isso seria uma insensibilidade e uma grande ilusão em pensar que estaria oferecendo um aprendizado integral, como se tenta oferecer dentro das escolas.
       Por isso defendemos que ao se estabelecer esse vínculo, ele não seja considerado como carga horária válida para substituir os dias letivos. Considerando além das limitações da EAD, a dificuldade de vários estudantes em dispor dos mecanismos necessários para esse modelo de educação.
       Nesse momento, em que as escolas e cmeis precisam estar fechadas, os educadores na educação infantil podem trabalhar buscando orientar as famílias durante esse momento de pandemia, explicando atividades que as famílias podem fazer com as crianças. Uma outra proposta poderia ser o envio de um vídeo individualizado, em torno de 5 minutos, a cada uma vez por semana, da professora ou professor para cada aluno. Mantendo assim o vínculo afetivo.
    Para as turmas do período inicial do ensino fundamental, podem ser trabalhados conteúdo de reforço, de acordo com a realidade e possibilidade de cada estudante. Sem que isso tenha valor obrigatório e possa prejudicar os outros estudantes que não estão em condição de realizar tais atividades.
        É sempre importante lembrar que as crianças e adolescentes não podem ser expostas à telas durante um período extenso de tempo. O que pode acarretar em prejuízos físicos e emocionais, como irritabilidade, depressão e também transtornos posturais, além de outros problemas listados em um manual da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo o estudo desenvolvido por essa organização, as crianças com menos de dois anos não devem ser expostas às telas, e para as crianças de dois a 5 anos o contato deve ser limitado em até uma hora por dia. Para as crianças de seis até dez anos, o limite é de duas horas por dia.
Então qualquer atividade deve ser pensada respeitando a saúde das crianças

Também é preciso repensar formas de atuar por meio das novas tecnologias da informação, que não devem ser renegadas, e sim usadas como ferramentas de apoio pedagógico, que podem auxiliar os professores e alunos no processo de desenvolvimento do ensino aprendizagem, mas nunca substituir o papel da escola e do professor. Ela não pode ser encarada como a solução de todos problemas educacionais, como sugerem os gestores burocratas. No momento, o EAD está apenas reforçando o caráter tecnicista e autoritário que infelizmente ainda perduram nas escolas. O trabalho vivo dos professores transforma em um trabalho mecanizado, inflexível diante das particularidades dos alunos. Os conteúdos são pré- fabricados através de plataformas e o professor(a) se torna apenas um acessório desta. Os alunos aprendem conteúdos que não dizem respeito a sua realidade social, aos seus problemas cotidianos, pelo contrário, são afastados deles. O ensino se afasta da vida do aluno, que se tornam passivos frente a uma tela.
        
O processo de desenvolvimento da aprendizagem é concebido através da interação do professor com o aluno, e deste com seus colegas. O professor não detém todo o conhecimento do mundo, porém possui um maior repertório de aprendizado, e através de sua experiência pode adequar o conteúdo ensinado para a realidade dos estudantes, formando assim uma nova aprendizagem, um conhecimento vivo, trabalhado através daquilo que o aluno já conhece e vive em sua realidade social. Um conhecimento que fornece meios aos estudantes de entenderem e transformarem a sua realidade. É assim que deveria funcionar a nova escola,  e é por ela que os defensores da educação pública devem lutar.

Diante de todos os problemas levantados e entendendo a necessidade de oferecer uma reposição do conteúdo curricular perdido durante o período em que as escolas e cmeis precisaram permanecer fechadas, defendemos a unificação do ano letivo de 2020, com 2021. Esses dois anos devem ser considerados como um ciclo único, trabalhando com tempo e qualidade para a reposição dos aprendizados. Devemos reconhecer todos os impactos causados pela pandemia no desenvolvimento do aprendizado e o impacto emocional causado nos estudantes. Preparar as escolas e cmeis para recebê-los, atendendo suas necessidades e particularidades, dando liberdade para as professoras e professores estabelecerem formas de avaliações periódicas, entendendo como cada um está evoluindo em relação ao aprendizado. Sem excesso de conteúdo ou de aulas, como propõe o MEC com aulas aos sábados. Todas essas questões devem ser debatidas de forma democrática com a categoria, com as famílias e também ouvindo os estudantes quando possível, sendo eles os principais protagonistas dentro da educação.