quarta-feira, 26 de agosto de 2020

SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS CAMPONESAS DESPEJADAS EM MINAS GERAIS


 MST


 SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS CAMPONESAS DESPEJADAS EM MINAS GERAIS

 

O SIMSED vem a público manifestar solidariedade classista às centenas de famílias despejadas do Quilombo Campo Grande (MG), de forma covarde e truculenta pela polícia  militar de Minas Gerais, no dia 12 desse último mês de agosto. 


Vivemos em um momento de profundos ataques à classe trabalhadora da cidade e aos camponeses no campo, perpetrados por um sistema capitalista que joga milhões de pessoas na pobreza e na miséria. Portanto, para além do corporativismo, precisamos nos unir contra todas as formas de exploração. 


Por isso, denunciamos essa ação violenta, que deixou milhares de pessoas sem ter onde morar na maior crise financeira e sanitária desse século, perpetrada por um sistema econômico  em decomposição. Ação essa criminosa, contrariando a própria legislação vigente, pois segundo nota do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo), o STF determinou em maio que se suspendesse todas as ações de reintegração de posse e de anulação da demarcação de terras indígenas, enquanto durasse a pandemia. Com tal ação, a polícia militar contrariou também às normas de segurança sanitária, causando uma enorme aglomeração, o que colocou ainda mais em risco à vida das famílias, que foram obrigadas a enfrentar a repressão policial, para defender um direito básico previsto em constituição, o direito à moradia. 


No local, já funcionou a falida Usina Ariadnópolis, que ao fechar as portas deixou de pagar vários direitos trabalhistas aos antigos funcionários, para compensar os direitos não cumpridos pelo antigo patrão, esses trabalhadores do campo ocuparam a área e deram vida ao lugar. Com êxito, produziam alimentos para a subsistência de milhares de pessoas que ali  viviam, e que se não fosse essa terra, poderiam estar passando fome e vivendo em situação de miséria nas favelas das grandes cidades. As plantações e as casas dos/as camponeses/as foram totalmente destruídas depois da ação truculenta e ilegal da PM.

Tão criminoso quanto o despejo em si, foi a destruição da Escola Popular Eduardo Galeano, espaço comunitário de formação da infância e da juventude do campo, de cumprimento do direito humano e constitucional que todos têm à educação. Demonstrou com isso um atentado contra todas as leis que protegem as crianças e adolescentes das ameaças da família, da sociedade e do próprio Estado, como é o Estatuto da Criança e Adolescente.


A ação, realizada a mando do governador Romeu Zema, veio para satisfazer o império do latifundiário e juiz Roberto Apolinário de Castro, maior produtor de café do país. Apesar da legislação vigente garantir a função social da terra, na prática ela é anulada, pois o que se tem de fato é o favorecimento ao latifúndio, atrasado por essência. Para as famílias camponesas que realmente utilizam a terra para o progresso e o desenvolvimento de todo o povo, o que se tem é despejo e violência. 


Nos solidarizamos com esses camponeses que por dias resistiram com coragem à ação violenta e desproporcional do batalhão de choque da PM e lembramos e exaltamos uma outra grande história de resistência das massas camponesas. A Batalha de Santa Elina, que em 9 de agosto completou 25 anos, e se tornou um marco da luta pela terra no Brasil, em que os camponeses enfrentaram também, por dias, a ação de despejo, e muitos pagaram com sangue e vida a luta por dignidade e justiça, contra a opressão de classe. Como a pequena Vanessa, de 7 anos de idade, baleada nas costas enquanto corria para o colo do pai. 


TERRA PARA QUEM NELA TRABALHA!

Todo apoio à luta dos camponeses pobres!