segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ABAIXO O AUTORITARISMO DA SME NA ELABORAÇÃO DA PAUTA DO PLANEJAMENTO DO MÊS DE SETEMBRO DE 2019!!!



ABAIXO O AUTORITARISMO DA SME NA ELABORAÇÃO DA PAUTA DO PLANEJAMENTO DO MÊS DE SETEMBRO DE 2019!!!

O SIMSED vem por meio desta nota repudiar a "sugestão de pauta" enviada pela SME para o último planejamento pedagógico ocorrido, que foi recomendada de forma implicitamente autoritária.

Devemos lembrar o quanto os planejamentos coletivos semanais eram essencialmente importantes e válidos para os professores e professoras traçarem seus planos de aula bem como organizar suas atribuições dentro da instituição escolar. No entanto, depois que a Rede Municipal de Educação retirou dos professores este direito, passando a desenvolver os planejamentos uma vez ao mês, muitas vezes, contemplados aos sábados no calendário, representou um verdadeiro retrocesso para o trabalho pedagógico e uma educação de qualidade.

Um dos pontos mais cobrados nos últimos anos pela SME vem sendo a "formação" durante os planejamentos, o que soa até mesmo contraditório, porque se um planejamento tem a duração de quatro horas, como efetivar formação com reduzida carga horária e ainda conciliar com os informes e discussões pertinentes aos eventos ocorridos na escola? Como garantir uma formação com qualidade em tão curta duração de tempo?

Para que uma escola caminhe bem é necessário realizar trocas de experiências, debates e diálogos frequentes, a fim de delinear soluções. Do mesmo modo, para que uma escola pública e gratuita possa oferecer qualidade no ensino é urgente que se abra o diálogo sobre os desafios a se enfrentar, cobrando das autoridades políticas públicas que atendam a necessidade das massas tão sofridas e massacradas.

O sistema pressiona coordenadores e diretores (as) a exigirem dos professores e professoras resultados na alfabetização. Mas, parece não enxergarem a totalidade dos fatos existentes dentro de uma instituição escolar.

Quando a SME cobra resultados no que concerne ao número de alunos letrados aos professores, esquece de contextualizar a realidade de centenas de educandos carentes, não somente econômica, mas também, emocionalmente. Os Apoios da SME, em sua grande maioria, tapam os olhos e ouvidos para as histórias de vida dos educandos, para os estudantes com necessidades educativas especiais que disputam seus cuidados com apenas um cuidador e, em muitos casos, ficam aguardando por um profissional por tempo indeterminado. E o professor, sozinho (não pode contar com um professor de apoio) deve flexibilizar seu plano de aula para atender a todos e todas alunos (as). E ainda, “letrar” o máximo possível a cada ano, considerando todas as regras e normas padronizadas na Rede para cumprir o que rege o Ciclo de Desenvolvimento Humano de Aprendizagem.

O SIMSED não despreza a relevância do estudo e reflexão acerca da Alfabetização, porém, entende que na atual conjuntura os profissionais precisam debater sobre a Avaliação e suas implicações, as suas intenções capitalistas, que são totalmente voltadas ao mercado. Os profissionais precisam de autonomia e liberdade para discutirem abertamente sobre isso nos planejamentos, inclusive sobre a pauta de reivindicações a serem atendidas, justamente para melhorar o ensino no Brasil e em suas localidades específicas, como é o caso da triste realidade da RME de Goiânia.

Os Apoios e o Secretário da Educação da SME de Goiânia precisam compreender que quando apenas impõem seus ditames (sem considerar as mazelas a que somos sacrificados) adoecem a categoria, que por sua vez, sente-se impotente ao deparar com turmas de alfabetização lotadas e um público que necessita ser respeitado em suas singularidades, histórias e particularidades.

Executar planos de formação e ação requerem tempo. Tempo para pensar, tempo para ler, tempo para estudar. E que tempo os professores têm tido se quando seus colegas adoecem não há substitutos e fica-se sem estudo até por uma semana (isso é totalmente possível na RME de Goiânia)? Sob quais condições o professor alfabetizador pode auferir a leitura de seu aluno individualmente para acompanhá-lo no processo educativo?

Logo, seria prudente que os apoios e Secretário pisassem no chão da sala de aula por um período completo conosco e tivessem a experiência das realidades a que vivemos dia após dia, em salas de aula quentes e desconfortáveis, num ambiente propício a toda vulnerabilidade comum e própria do ambiente escolar que eles desconhecem.

Antes mesmo de cobrar os reagrupamentos e atendimentos individualizados, além das atividades inerentes ao método discursivo da alfabetização, faz-se necessário entender que as crianças não são seres robóticos, mas seres humanos que se desenvolvem de acordo com o que lhes é  oferecido. Há muitas delas que têm apenas a Escola como pilar em suas vidas. Não existe apoio da família muito menos do Estado.

Portanto, antes de sugerir uma pauta de discussão às escolas, permitam aos professores que lhes exponham os problemas existentes. Ninguém melhor que o professor para explanar sobre o chão de sala de aula, sobre os inúmeros motivos que podem bloquear o desenvolvimento do aprendizado de uma criança no processo de aquisição da leitura/escrita!!! Há inúmeros professores da RME que seguem o método discursivo de alfabetização, que perdem madrugadas para elaborar materiais alternativos que motivem nossas crianças. No entanto, nem assim conseguiremos alfabetizar todas, pois há situações muito mais complexas do que a SME se recusa enxergar.

Logo, o caminho é resistir e lutar! Só assim poderemos transformar algo na sociedade e oferecer de fato uma educação que atenda a todos e todas com dignidade.