O SIMSED convida os Trabalhadores da Educação do Município de Goiânia a aprofundarem os debates dentro das instituições sobre os rumos que a educação está tomando. Os projetos (anti)pedagógicos implementados nos últimos anos estão impactando negativamente a qualidade da educação dos estudantes, a carreira e a saúde dos trabalhadores.
Além disso, colocam os trabalhadores na condição de instrumentos usados para perpetrarem interesses políticos dominantes.
A comemoração do dia dos professores/ou dos Servidores Públicos, neste mês de outubro, nos oportuniza refletir sobre o significado de tantos acontecimentos, como por exemplo, a recente colocação no Ideb em Goiás e Goiânia. Será que realmente temos o que comemorar?
Muitos professores de Goiânia se surpreenderam com este resultado. Para estes, ficou muito evidente que um sistema que avalia a complexidade do aprendizado das crianças, com provas prontas e de massa é uma farsa!
As maratonas de avaliações, a que estas crianças e adolescentes são submetidas é desumano! Os estudantes ficam reféns de aulas preparatórias e treinamentos. São várias provas, uma emendando na outra. As crianças estão perdendo a única oportunidade que poderiam ter de ter acesso à uma educação pensada a partir deles verdadeiramente, que realmente seja prazerosa e significativa em suas vidas. E essa imposição de provas também se estendeu à modalidade da EJA, com o intuito de aniquilar de vez o ensino noturno nas instituições municipais goianienses.
Essa compreensão limitada da aprendizagem não produz sujeitos criativos, críticos e autônomos, não promove a apropriação dos conhecimentos científicos acumulados pela humanidade, ao contrário, promove a limitação destes conhecimentos e a competitividade por meio do ranqueamento.
Além disso, alguns critérios são manipulados, como a evasão escolar, a reprovação e, no caso do Estado, a transformação de todo Ensino Noturno em EJA.
Nós, professores, estamos caindo em uma cilada, perdendo cada vez mais a nossa 'Liberdade de Cátedra'. Somos pressionados e direcionados constantemente para obter resultados positivos em testes padronizados, esse serviço burocrático e padronizado tem refletido diretamente no esvaziamento de sentido da nossa profissão, o que implica em um grande número de trabalhadores adoecidos nas instituições. Estamos perdendo o nosso fazer pedagógico, o sentido de nossa profissão no aspecto mais essencial, resultando infelizmente em altos índices de adoecimentos, visão individualista e consequentemente na falta de consciência de classe, que é imprescindível para as conquistas na educação.
A escola funciona orientada para obter resultados em provas, em uma política meritocrática e desigual, com sistema de gratificação e premiação para professores e escolas que tiram "notas boas". O que devia ser o contrário, as que tivessem com dificuldades é que por lógica, precisaria de mais investimentos. Coloca escolas com notas boas para “auxiliarem” as escolas que tiveram resultados abaixo da média “fomentadas”, transferindo uma responsabilidade que seria da secretaria de educação, sobrecarregando nossos processos internos de trabalho.
A nota alta do Ideb serviu, na verdade, para ser utilizada em campanha eleitoreira para angariar votos. Não esqueçamos que os estudantes têm seu direito a uma verdadeira educação de qualidade que está sendo negado.
Quem vive o dia a dia da sala de aula sabe que a "nota alta" (1° lugar) do Ideb em Goiânia e em Goiás é uma verdadeira falácia, não deveria ser comemorada, mas sim denunciada e combatida.
Portanto, os trabalhadores da educação estão de parabéns pela capacidade intelectual e competência pedagógica, capaz de criticar e modificar no seu cotidiano em sala de aula os caríssimos e péssimos materiais: "Aprender Sempre", "Banco Mais", "Sabe Brasil" e outros, pois se fosse para utilizá-los tal como está sendo orientado pela SME, o desastre pedagógico seria bem maior.
Diante desta realidade, a forma mais eficaz de combatê-la é nos organizarmos dentro de nossas instituições, priorizando o que é prioridade: o desenvolvimento dos estudantes.
Qual resultado prático na vida de nossos alunos? Estão estes ingressando nos institutos federais ao sair do 9°Ano? Ou nas universidades públicas ao concluir o ensino médio? O ideb está servindo a que e a quem? Que essas perguntas permeiem nossa consciência e nos faça agir no dia a dia de nossas instituições.
POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA, DE QUALIDADE E QUE VALORIZE SEUS AGENTES E QUE SIRVA AO POVO!!!