Com o encerramento da combativa greve dos trabalhadores da educação no
ano de 2010, um grupo de trabalhadores (que não se
conformam com as injustiças o descaso do
poder público com a educação e os trabalhadores) resolveu fundar uma
alternativa ao peleguismo e traição sindical promovida pela diretoria do
Sintrego no curso da greve. Os trabalhadores que haviam participado do Comando
de Greve perceberam a necessidade de continuarem organizados e depois (da traição da diretoria do Sintrego no dia 19 de agosto de
2010, acabando com uma greve forte e decisiva, em reunião no mesmo dia resolveram criar o grupo Comando de Luta.
No mesmo
ano em setembro realizamos um
seminário de dois dias para (decidirmos o rumo do Comando
de Luta.) O entendimento firmado coletivamente nesse seminário foi que
os direitos dos trabalhadores são conquistados e garantidos somente com a luta
de classes. Essa organização passou a defender e propagandear a inexistência de
uma solução milagrosa para salvar os trabalhadores, que “a emancipação dos
trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” (Marx, 2010). Foi com essa
vontade de resolver os problemas e organizarem-se que foi criada essa
organização em defesa da educação e das lutas populares. Não bastava ficar
esperando eternamente a representatividade de um sindicato sujo até a medula
com os seus acordos eleitoreiros ou ficar criticando sem fazer nada nos locais
de trabalho, era preciso tomar uma atitude para a organização e luta da
categoria e dos trabalhadores.
O Comando de Luta foi formado por trabalhadores de todas as categorias da
educação, professores, funcionários administrativos e trabalhadores de Cmei's.
Pessoas que realmente estavam sofrendo os problemas no seu local de trabalho,
que não haviam sido consumidos pela burocracia ou pelo peleguismo.
Luta
em 2010
Desde a sua criação o Comando de Luta não ficou parado, organizou
inúmeras ações em defesa dos interesses da educação pública de qualidade e dos
trabalhadores da educação. A primeira grande luta travada se deu em setembro de
2010, contra as perseguições aos trabalhadoras que haviam sido ativos na greve.
O Comando de Luta se concentrou contra a perseguição da diretora Cristina da
Escla Castorina Bitencourt, que havia sido afastada do cargo em função do seu
apoio ao movimento grevista. Foram feitas reuniões com representantes da
secretaria de educação, panfletagens em escolas e Cmei's, terminais de ônibus e
universidades, denunciando todo o abuso da prefeitura. Foram distribuidos cerca
de 15 mil panfletos pela cidade. Devido a ação do Comando de Luta, a diretora
conseguiu retornar ao seu cargo.
Uma importante e inédita ação foi realizada logo após o encerramento da
greve. Conseguimos fazer um jornal da categoria, retratando as perspectivas da
luta classista. Vários trabalhadores produziram artigos, demonstrando a
necessidade desse material para a categoria. O Comando de Luta conseguiu enviar
e visitar vários locais de trabalho com esse material.
Durante o ano de 2010 o Comando de Luta conseguiu organizar várias
manifestações. No dia do professor foi organizado uma manifestação com
panfletagem na Praça do Bandeirante. Com um carro de som e muitos panfletos
(cerca de 3 mil), foi denunciada a situação da educação pública e foi
cobrada uma posição do governo.
No desfile cívico comemorando o aniversário de Goiânia, no ano de
2010, ocorreu uma outra manifestação, onde foi erguida faixas e cartazes na
frente do palanque em que estava o prefeito e o governador. No mês de novembro
de 2010 foi realizada uma panfletagem na atividade do “Baú Mágico”, onde
foi distribuida cerca de 1000 panfletos denunciando a situação de
precariedade da educação municipal. No mês de dezembro o Comando de Luta
participou de uma audiência pública sobre a criação de CMEI's 24 horas,
onde o Comando denunciou a situação de precariedade dessas instituições e o
descaso com os agentes educativos. No início de dezembro foi organizado um ato na secretaria de educação,
onde ocorreu a ocupação da sala da secretária de educação cobrando melhoria nas
condições de trabalho e valorização dos trabalhadores.
Lutas
em 2011
Dessa ocupação ocorrida no final do ano de 2010, o Comando solicitou uma reunião
com a nova secretária de educação, Neyde Aparecida, com o objetivo de
apresentar as reivindicações dos trabalhadores em educação. Foi elaborado
coletivamente pela internet uma carta de reivindicações com inúmeros
pontos onde foi cobrada uma posição sobre os principais problemas dos
trabalhadores. O Comando de Luta conseguiu visitar mais de 80 escolas e
CMEI's e recolheu um abaixo-assinado em que conseguiu milhares
assinaturas (1171) dos trabalhadores da rede.
A reunião com a secretária Neyde ocorreu no dia 24 de janeiro de 2011
onde foi entregue o abaixo-assinado e exigido que as reivindicações dos
trabalhadores fossem atendidas. Essa reunião foi totalmente diferente, pois ao
invés de receber uma comissão reduzida, o Comando de Luta pressionou para que a
secretária Neyde recebesse todos os trabalhadores presentes no auditório da
SME, onde foi possível sabatinar a secretária e exigir o cumprimento dos
direitos dos trabalhadores.
Em março de 2011, devido as lutas que o Comando de Luta estava
promovendo, foi convidado para um debate na calourada da UFG, promovida pelo
DCE e pelo CA de pedagogia. Foi um debate em foi possível levar as nossas ideias para os futuros professores, os estudantes de
pedagogia.
Em Abril ocorreu grande luta política no Comando de Luta, pois iniciou um
debate sobre a necessidade de fundação de um novo sindicato na rede municipal. Vários
membros travaram debate, o que levou ao rompimento dos militantes do Movaut com
o Comando de Luta.. Várias lutas políticas foram travadas na internet e em
panfletos e posições foram reafirmadas. No final do debate ocorreu grande
amadurecimento político do Comando de Luta.
No mês de maio de 2011 aconteceu uma paralisação nacional organizada pela
CNTE. O Sintego não organizou nada em Goiânia, alegando que a prefeitura estava
cumprindo o Piso Salarial e o direito dos trabalhadores. O Comando de Luta, nadando
contra a corrente, bancou a paralisação, conseguindo adesão massiva dos
trabalhadores da rede municipal. Fizemos um ato na frente da Secretaria de
Educação no dia 11 de maio. A manifestação contou com cerca de 300 pessoas e
todos os manifestantes foram recebidos pelo padre Prim.
No dia 17 de maio a diretoria do Sindigoiânia organizou uma assembleia. O Comando de Luta enviou representantes
para essa assembleia. Como sempre, uma assembleia desmobilizada em que participou apenas a
cúpula do sindicato. A diretoria do Sindigoiânia tratou de forma truculenta os
membros do Comando de Luta, ameaçando de agressões físicas e não abriram
nenhuma intervenção para a categoria falar. O Comando de Luta fez a sua
primeira intervenção aberta contra a diretoria do Sindigoiânia.
No dia 25 de maio o Comando de Luta participou de uma assembleia
convocada por uma associação dos trabalhadores administrativos ligada ao
Sindigoiânia. Novamente boicotaram a fala dos membros do Comando, tentaram
tomar o microfone, mas foi possível fazer uma panfletagem. Como era previsível,
depois de ganharem um cargo na diretoria do IMAS, o Sindigoiânia entregou a
luta depois de um acordo que não trouxe mudança alguma para a categoria dos
administrativos.
No mês de maio surgiu um vídeo na internet de uma professora do Rio
Grande do Norte, Amanda Gurgel, que denunciava a situação da educação pública
em seu estado. Essa professora convocou uma paralisação nacional em defesa da
educação para o dia 31 de maio. Em Goiânia o Comando de Luta realizou essa
paralisaçao, com adesão de mais de 30 escolas. Foi realizada uma paralisação
com a presença de mais de 300 pessoas na porta da Secretaria de Educação.
Em maio, em represália as mobilizações do Comando de Luta, a diretoria do
Sindigoiânia tentou intimidar alguns militantes da luta classista. Os pelegos
abriram uma denúncia contra três membros do Comando de Luta, alegando que
haviam sido ofendidos por um panfleto e um e-mail que os chamava de pelegos.
Ocorreram as audiências judiciais e os membros do Sindigoiânia perderam.
No mês de junho de 2011 o Comando de Luta entregou panfletos na assembleia dos trabalhadores da educação do estado,
reafirmando o seu compromisso com a luta dos trabalhadores e o apoio a
organização de uma greve na rede estadual. A diretoria do Sintego tentou
boicotar a fala dos membros do Comando de Luta, mas não conseguiram, a
categoria exigiu a fala para o Comando de Luta. Vários panfletos foram
entregues nessa assembleia.
No mês de Junho de 2011 o IMAS apresentava graves problemas, com vários
hospitais descadastrando do plano. O Comando de Luta organizou uma manifestação
em repúdio a politicagem no IMAS e cobrando melhoras. Foi formulada uma carta
de reivindicações na internet sobre os pontos de desagravo da categoria com o
instituto. Os trabalhadores se concentraram na Praça do Bandeirante, realizaram
uma panfletagem junto à população e depois foram em marcha até a sede do IMAS.
Os trabalhadores foram recebidos pelos diretores do IMAS, que receberam as suas
queixas.
No mês de julho de 2011 ocorreu um encontro da SBPC em Goiânia. Na
abertura do evento estava presente toda a comunidade científica nacional,
ministros de Estado, o prefeito de Goiânia, o governador e outras autoridades.
O Comando de Luta levou faixas em defesa da educação e conseguiu realizar uma
manifestação na abertura do evento.
No mês de outubro realizamos uma nova manifestação no aniversário de
Goiânia.
No mês de outubro iniciou uma grande mobilização no meio dos
trabalhadores administrativos relativo ao plano de carreira da categoria. O
Comando passou nos locais de trabalho e mobilizou os administrativos para
discutirem e se informarem sobre o plano que estava sendo aprovado na calada da
noite, sem conhecimento da categoria. Várias manifestações foram realizadas
sobre esse tema.
Lutas
em 2012
No início do ano de 2012 participamos das assembleias
dos trabalhadores do estado e apoiamos várias lutas organizadas por esses
trabalhadores, como panfletagens em terminais e manifestações. Ajudamos na
consolidação do grupo Mobilização dos Professores de Goiás (MPG), repassando a
nossa experiência com a greve da prefeitura do ano de 2010.
No mês de março de 2012 organizamos uma paralisação em Goiânia de 3 dias.
Essa manifestação havia sido convocada pela CNTE e o Sintego não tinha o menor
interesse em organizar. A paralisação foi vitoriosa e conseguimos reunir vários
trabalhadores nas ruas. Em apoio a greve do estado fizemos a ocupação da sede
do jornal Diário da Manhã.
No mês de abril iniciamos as discussões para a fundação do sindicato.
Fizemos várias reuniões para discutir o estatuto da nova entidade. Depois
organizamos reuniões com a categoria, seminários e discussões na internet.
No mês de maio participamos da mobilização contra a corrupção do governo
Marconi Perillo. Fomos com faixas pelas ruas e ajudamos a construir as
manifestações, que contaram com centenas de participantes de vários movimentos
populares.
No mês de maio e junho fizemos várias reuniões com as agentes educativas,
reforçando o nosso posicionamento de enquadramento dessas trabalhadoras como
trabalhadoras da educação, com equivalência do professor PI. Muitas
trabalhadoras auxiliares de atividades educativas ingressaram com um processo
judicial para conseguir esse enquadramento profissional.
No mês de junho anunciamos o nosso apoio ao acampamento JK, uma ocupação
urbana surgida na região noroeste de Goiânia. Participamos de várias atividades
nesse acampamento, inclusive da reunião que batizou o acampamento como Pedro
Nascimento, uma das vítimas do Parque Oeste Industrial. Ajudamos na criação de
um comitê de apoio a essa ocupação.
No mês de agosto ocorreu uma semana de Jornada Pedagógica da prefeitura.
O Comando de Luta, através de dois membros, escreveram um mini-curso nessa
atividade para avaliar sobre o Ideb. Foi um momento muito proveitoso onde
pudemos aprofundar sobre algumas políticas públicas em curso na educação
brasileira e goianiense.
No mês de outubro realizamos uma nova manifestação no aniversário de
Goiânia. Em sua articulação com outros movimentos sociais, fizemos uma
manifestação em conjunto com os organizadores da marcha da liberdade. Foi um
momento muito importante, onde conseguimos a manchete de todos os jornais
escritos e televisivos.
No mês de novembro ocorreu mobilização nos locais de trabalho para a criação
do sindicato municipal. No dia 08 de dezembro aconteceu a vitoriosa assembleia
de fundação do Simsed na Faculdade de Educação da UFG.
Conclusão
Todas essas ações demonstram que a categoria dos trabalhadores da
educação está decidida a continuar organizada e em luta, que não deve se
abaixar diante das injustiças e dos desmandos dos governantes, pois a principal
lição tirada da luta é que a união é a grande força dos trabalhadores da
educação. Por isso, ajude o Simsed. Ele não é meu e nem seu, ele é nosso,
pertence a categoria e devemos lutar para fortalecê-lo.