terça-feira, 30 de abril de 2013

ALGUMAS PALAVRAS, POUCOS VERSOS, GOVERNO INERTE


Vivemos na atualidade um fenômeno terrível: a falta de compromisso público. Gestores, que em tempos de campanha prometem mundos e fundos, são incapazes de dar um mínimo de dignidade ao povo que os elegeu. Até vemos um ou outro levantando alguma bandeira, dizendo lutar por determinado grupo, no entanto, ao vasculhar as "boas intenções" de cada um, sempre encontramos um interesse próprio sendo contemplado em detrimento de outros.
            Quando li O Povo Brasileiro, achei pesado da parte de Darcy Ribeiro justificar essa postura do “jeitinho brasileiro”, da pouca ética e do limitado envolvimento político como consequências da colonização que marcou nossas origens e a constituição de nosso povo (ladrões, piratas, aventureiros, renegados de Portugal, aqueles que passaram a habitar essas terras no período colonial). Pensei comigo mesma: "Isso já foi superado depois de tantas e tantas gerações!". Inocência a minha querer debater com um pensador como Darcy Ribeiro.  Hoje não me apego a culpados, mas penso que se Darcy ainda estivesse vivo e quisesse fazer uma análise da evolução do brasileiro, certamente ficaria estarrecido.
            Recentemente, lendo uma noticia de jornal, me informei que o governador do Estado ficou contrariado com servidores da Agrodefesa que se manifestaram diante de sua presença, durante um evento de entrega de equipamentos, ocorrido há poucos dias na Praça Cívica. Dizendo-se um democrata, Marconi falou com todas as letras que, se aquele protesto fosse negativo ao governo, ele  retiraria uma gratificação já concedida, mas ainda não informada aos servidores. Pensei comigo: "democrata"??
Não sei se estou sendo utópica, mas quando iniciei a escrita deste texto, queria entender como a nossa sociedade está chegando a esse ponto. Como pode o cidadão não perceber que está sendo roubado todos os dias? Como pode aceitar ver cenas chocantes de pessoas sendo arrastadas pelo chão em unidades públicas de saúde? Como pode aceitar que seus filhos tenham uma escola superlotada, com professores desmotivados e desvalorizados por toda uma sociedade?
            Lembrei-me então de algo grave: também faço parte desses ditos cidadãos. Recordo-me ainda que há poucos dias eu estava presente em uma manifestação de professores, no entanto, já poderia  ter feito muito mais,  poderia já ter lutado outras lutas, segurado outras bandeiras, usado minha voz em outras causas. Nesse momento, retomo minha personalidade brasileira, aquela que muitas vezes só consegue lutar em causa própria.
            A partir dessa reflexão, posso garantir a quem ler esse texto que irei rever minha postura enquanto cidadã. Tentarei lutar pela coletividade, buscarei ser o mais politizada possível e assim, quem sabe, poder deixar para trás a descrição feita por Darcy Ribeiro.    
            Eu estou disposta a fazer esse compromisso. E nossos políticos e gestores públicos, topam juntar-se a mim? E você?
Adriana Lucia da Silva, professora da rede Municipal de Goiânia