quarta-feira, 23 de setembro de 2020

ADMINISTRATIVOS PEDEM SOCORRO: CADÊ A DATA-BASE?!

 


ADMINISTRATIVOS PEDEM SOCORRO: CADÊ A DATA-BASE?!

 

Os/as Trabalhadores/as Administrativos/as da Educação e também de todo o município de Goiânia, estão desde o ano passado sem receber qualquer tipo de reajuste salarial. A Data-Base, direito previsto em  lei, deveria ter sido paga em janeiro deste ano, como consta no artigo segundo da Lei Nº 9.850, de 14 de junho de 2016, porém isso não aconteceu. A prefeitura segue ignorando o cumprimento desse direito, e já estamos no mês de setembro.

 

CUSTO DE VIDA SOBE ABSURDAMENTE

 

Na prática, o salário desses servidores sofreu uma drástica diminuição referente ao poder de compra, e na garantia de uma qualidade de vida digna. Isso se comprova pelo fato de que nos últimos 12 meses a inflação de produtos básicos, como o arroz, o óleo, a carne, o feijão aumentou em 20% em todo o país. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já mede a inflação oficial, avançou 2,44% no acumulado dos últimos 12 meses.

 

Entretanto, a inflação de alimentos de forma geral subiu 11,4%, o feijão aumentou, dependendo da região do país, em torno de 30%, como ocorreu em Goiânia, o arroz 19,17%, o leite ficou 22,99% mais caro. Isso demonstra que o INPC não corresponde à inflação real. A inflação registrada no mês de agosto já é a maior nos últimos 4 anos.

 

Segundo estimativas dos grandes bancos, o preço dos alimentos básicos deve continuar subindo até o final do ano. Essa alta é explicada principalmente pelo alto preço do dólar, resultado de uma política interna caótica, que faz os grandes latifundiários preferirem exportar os produtos, ganhando em dólar, do que vender ao mercado interno, sobrando pouca demanda para ser abastecida aqui. E isso deve continuar enquanto o dólar continuar em alta.

 

A pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que o trabalhador comprometeu, em agosto, na média, 48,85% do salário mínimo líquido (após o desconto referente à Previdência Social), para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em julho, o percentual foi de 48,26%. E o restante do salário sobrou para o aluguel, para a água e energia. Isso quando se consegue cobrir esses gastos, o que na realidade não é possível.

 

Por isso, quase todos os Administrativos procuram trabalhar em outros serviços para tirarem uma renda extra, senão, não sobrevivem.

 

Segundo outra estimativa do  Dieese, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 4.366,51 em fevereiro, em agosto já teria que ser de R$ 4.536, baseado na capital com o maior preço da cesta básica, que é SP,  onde está custando R$ 539,00.

 

A DATA-BASE É CUMPRIDA COMO SE DEVE?

 

Esses dados e estimativas provam que o custo de vida dos/as Trabalhadores Administrativos e Auxiliares aumentou de forma considerável no último ano e a Data-Base é um direito que foi conquistado justamente para repor essas perdas inflacionárias, embora ainda não reponha por conta do INPC.

 

É importante lembrar que durante vários anos a prefeitura reajustou a Data- Base abaixo da inflação. Portanto, ainda deveria pagar um reajuste desses últimos anos em que não concedeu uma Data-Base oficial. Como no ano de 2017, que precisou de uma combativa greve para que se pagasse o reajuste e ainda assim, foi apenas de 2,9%, sendo que o índice inflacionário, INPC, foi de 7%, ou seja, a prefeitura nos deve 4,1% somente de 2017. Como o próprio Simsed denunciou na época.

 

No ano passado, o índice também foi reajustado abaixo da inflação, e a Data-Base ainda foi paga de maneira parcelada, sem retroativo. A inflação oficial foi de 4,94%, enquanto nosso reajuste ficou em torno de 3,5% apenas, seguindo o cálculo exato. A prefeitura dividiu o valor retroativo de 4,67%, que propagandearam como reajuste, para ser pago em duas parcelas, maio e outubro, porém sem pagar retroativo.

 

Portanto, o que vem acontecendo nos últimos anos é uma completa desvalorização salarial dos/as Trabalhadores/as Administrativos/as, pois o salário está perdendo valor de compra, elevando os custos de vida desses servidores/as.

 

Para que o  salário tenha realmente um aumento real,  é necessário ser reajustado acima do valor da inflação, isso já foi conquistado para o piso dos professores, apesar que em vários lugares é também desrespeitado, mas a Data-Base precisa ser encarada da mesma forma. Essa desvalorização faz com que muitos Trabalhadores/as desistam desse emprego. Afinal, quem consegue sustentar uma família recebendo em torno de um salário mínimo?

 

Essa situação gera um déficit nas escolas, nos cmeis, prejudicando a qualidade do trabalho, resultando em mais sucateamento para a educação pública. Por isso, como já citado acima, os Trabalhadores ao buscarem outra fonte de renda para sobreviverem, chegam a trabalhar 12/14 horas diárias, acarretando problemas de saúde aos mesmos. Como falar em valorização da educação se os/as trabalhadores que a sustentam, que dão vida à escola, que fazem as escolas e cmeis funcionarem são tão desvalorizados e ganham tão mal?

 

SÓ OS TRABALHADORES QUE GANHAM MENOS PAGAM PELA CRISE

 

Para piorar esse cenário, em maio, o governo dos generais e o Bolsonaro, seguindo essa política de massacre da classe trabalhadora, em troca do auxílio aos estados e municípios, congelou o salário dos servidores públicos por mais 2 anos. Além desse ano, devemos ficar mais 2 anos sem reposição salarial para os/as servidores administrativos se nada for feito.

 

O presidente Bolsonaro tutelado pelos generais, em uma fala absurda, falou que seria impossível governar se fosse vetado o congelamento de salário dos trabalhadores, os investimentos na educação, na saúde e outros serviços, pois eles representam um “rombo” de R$120 bilhões, sem saber explicar de onde tirou esse cálculo.

 

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o serviço público deveria dar sua contribuição ao país, só não propôs cortar na própria carne. Pasmem! Para eles, somos um gasto a ser evitado, essa é a forma como somos tratados. Na hora da crise, cortam da carne apenas do/a Trabalhador mais pobre, como os/as Administrativos da Educação e da Classe Trabalhadora de forma geral.

 

Na Reforma Administrativa que estão tentando aprovar agora, outra medida para diminuir o salário e demitir servidores públicos, somente os trabalhadores que ganham menos serão afetados. Os militares, os juízes, os parlamentares ficam de fora dessas reformas, esses que têm os mais altos salários, além dos benefícios extras que recebem junto aos seus salários. O governo também não deixará de privilegiar os banqueiros, os grandes fazendeiros e os grandes industriais com os incentivos fiscais e perdão das dívidas, como também não se propõem a taxar as grandes fortunas. Por que o presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Mais, não corta dos seus "privilégios" e do próprio salário, já que todos têm que contribuir para mitigar a crise?

 

Mas de quem é retirada essa contribuição? De quem é cortado na carne, não só em períodos de crises, mas sempre dentro desse sistema? Dos trabalhadores mais empobrecidos, dos micros, pequenos e médios empresários, dos servidores públicos com salários mais baixos, entre outros dessa camada social.

 

Por que somos nós que sempre temos que dar a nossa parte para salvar o país? Nossa parte já tem sido retirada há anos, enquanto os banqueiros, os grandes empresários, o agronegócio e os latifundiários apenas lucram e os funcionários públicos do alto escalão não sofrem nenhum tipo de redução nos seus salários.

 

Propomos que o Estado corte os benefícios desses, e não retire mais direitos nossos, nos colocando em mais vulnerabilidade ainda.

 

Como comprovação de que não há falta de dinheiro no Estado para cumprir com os direitos do povo, como por exemplo, o cumprimento da Data-Base e das Progressões, foi noticiado que nesse período de crise, os 3 maiores bancos privados do país (ITAÚ, SANTANDER E BRADESCO) lucraram mais de 10 bilhões e receberam do Estado uma ajuda de 1,2 trilhões ainda no começo da pandemia.

 

O agronegócio lucrou mais que nos anos anteriores, sendo um dos únicos setores que viu o PIB aumentar, enquanto fazem os Trabalhadores mais pobres pagar mais caro pelos alimentos. A multinacional Bunge, que atua no Brasil e exporta alimentos, teve um lucro de 141%, durante a pandemia. Enquanto isso, camponeses pobres sem ou com pouca terra, seguem na luta pela distribuição justa da terra para viver e produzir.

 

Em Goiânia, o Tribunal de Justiça concedeu um auxílio saúde de mais de R$ 1.280,00 aos juízes e promotores, o valor desse auxílio já é maior que o salário líquido de muitos/as Trabalhadores Administrativos. Isso é a representação da desigualdade escancarada e cruel em nosso país.

 

Além disso, o salário dos/as Trabalhadores da Educação contratados e das dobras, muitos deles administrativos por sinal, foram cortados, o que representou uma vasta economia aos cofres públicos.

 

SÓ A LUTA TRAZ VITÓRIAS!

 

Então, como ficou claro, não falta dinheiro para cumprir com a Data-Base,  não há justificativa para o congelamento salarial por mais dois anos! Não podemos aceitar que retirem nossos direitos e que só nós paguemos pela crise, enquanto os ricos aumentam seus lucros, e ganham benefícios bancados pelos cofres públicos!

 

Só com LUTA conquistamos  e garantimos nossos direitos, os políticos só reagem porque sentem medo da mobilização da categoria. Como foram nas greves de 2013, 2014 e 2015, em que foram conquistados os 30% para os Auxiliares de Atividades Educativas, o direito a progressão horizontal de 2 em 2 anos para todos os Administrativos (antes era de 3 em 3), os 15 dias de recesso aos Administrativos e o direito à substituição para os mesmos, entre outras conquistas.

 

Temos que lutar, ir às manifestações, às carreatas e a qualquer outra mobilização e protesto. Temos que nos mobilizar em defesa da Data-Base e de inúmeros outros direitos que estão sendo negados. A Data-Base era para ter sido paga em janeiro, antes mesmo do congelamento salarial por 2 anos, essa lei foi criada somente em maio, para que paguemos os custos com a pandemia. Não podemos aceitar que o Poder Público use essa lei como pretexto para não cumprir com a nossa Data-Base. Não há nada que impeça esse reajuste que é nosso por direito ainda esse ano.

 

TODOS E TODAS À LUTA!

VALORIZAÇÃO JÁ!

JUNTOS SOMOS INVENCÍVEIS!