ABAIXO
O AUTORITARISMO DA SME NA ELABORAÇÃO DA PAUTA DO PLANEJAMENTO DO MÊS DE
SETEMBRO DE 2019!!!
O
SIMSED vem por meio desta nota repudiar a "sugestão de pauta" enviada
pela SME para o último planejamento pedagógico ocorrido, que foi recomendada de
forma implicitamente autoritária.
Devemos
lembrar o quanto os planejamentos coletivos semanais eram essencialmente importantes e
válidos para os professores e professoras traçarem seus planos de aula bem como
organizar suas atribuições dentro da instituição escolar. No entanto, depois
que a Rede Municipal de Educação retirou dos professores este direito, passando
a desenvolver os planejamentos uma vez ao mês, muitas vezes, contemplados aos
sábados no calendário, representou um verdadeiro retrocesso para o trabalho
pedagógico e uma educação de qualidade.
Um
dos pontos mais cobrados nos últimos anos pela SME vem sendo a
"formação" durante os planejamentos, o que soa até mesmo
contraditório, porque se um planejamento tem a duração de quatro horas, como
efetivar formação com reduzida carga horária e ainda conciliar com os informes
e discussões pertinentes aos eventos ocorridos na escola? Como garantir uma
formação com qualidade em tão curta duração de tempo?
Para
que uma escola caminhe bem é necessário realizar trocas de experiências, debates e
diálogos frequentes, a fim de delinear soluções. Do mesmo modo, para que uma escola pública e
gratuita possa oferecer qualidade no ensino é urgente que se abra o diálogo
sobre os desafios a se enfrentar, cobrando das autoridades políticas públicas
que atendam a necessidade das massas tão sofridas e massacradas.
O
sistema pressiona coordenadores e diretores (as) a exigirem dos professores e
professoras resultados na alfabetização. Mas, parece não enxergarem a
totalidade dos fatos existentes dentro de uma instituição escolar.
Quando
a SME cobra resultados no que concerne ao número de alunos letrados aos professores, esquece de
contextualizar a realidade de centenas de educandos carentes, não somente
econômica, mas também, emocionalmente. Os Apoios da SME, em sua grande maioria,
tapam os olhos e ouvidos para as histórias de vida dos educandos, para os estudantes
com necessidades educativas especiais que disputam seus cuidados com apenas um
cuidador e, em muitos casos, ficam aguardando por um profissional por tempo
indeterminado. E o professor, sozinho (não pode contar com um professor de
apoio) deve flexibilizar seu plano de aula para atender a todos e todas alunos (as).
E ainda, “letrar” o máximo possível a cada ano, considerando todas as regras e
normas padronizadas na Rede para cumprir o que rege o Ciclo de Desenvolvimento
Humano de Aprendizagem.
O
SIMSED não despreza a relevância do estudo e reflexão acerca da Alfabetização,
porém, entende que na atual conjuntura os profissionais precisam debater sobre
a Avaliação e suas implicações, as suas intenções capitalistas, que são totalmente
voltadas ao mercado. Os profissionais precisam de autonomia e liberdade para
discutirem abertamente sobre isso nos planejamentos, inclusive sobre a pauta de
reivindicações a serem atendidas, justamente para melhorar o ensino no Brasil e
em suas localidades específicas, como é o caso da triste realidade da RME de
Goiânia.
Os
Apoios e o Secretário da Educação da SME de Goiânia precisam compreender que
quando apenas impõem seus ditames (sem considerar as mazelas a que somos
sacrificados) adoecem a categoria, que por sua vez, sente-se impotente ao
deparar com turmas de alfabetização lotadas e um público que necessita ser
respeitado em suas singularidades, histórias e particularidades.
Executar
planos de formação e ação requerem tempo. Tempo para pensar, tempo para ler,
tempo para estudar. E que tempo os professores têm tido se quando seus colegas
adoecem não há substitutos e fica-se sem estudo até por uma semana (isso é
totalmente possível na RME de Goiânia)? Sob quais condições o professor
alfabetizador pode auferir a leitura de seu aluno individualmente para
acompanhá-lo no processo educativo?
Logo,
seria prudente que os apoios e Secretário pisassem no chão da sala de aula por
um período completo conosco e tivessem a experiência das realidades a que
vivemos dia após dia, em salas de aula quentes e desconfortáveis, num ambiente
propício a toda vulnerabilidade comum e própria do ambiente escolar que eles
desconhecem.
Antes
mesmo de cobrar os reagrupamentos e atendimentos individualizados, além das
atividades inerentes ao método discursivo da alfabetização, faz-se necessário
entender que as crianças não são seres robóticos, mas seres humanos que se
desenvolvem de acordo com o que lhes é oferecido. Há muitas delas que têm
apenas a Escola como pilar em suas vidas. Não existe apoio da família muito
menos do Estado.
Portanto,
antes de sugerir uma pauta de discussão às escolas, permitam aos professores
que lhes exponham os problemas existentes. Ninguém melhor que o professor para
explanar sobre o chão de sala de aula, sobre os inúmeros motivos que podem
bloquear o desenvolvimento do aprendizado de uma criança no processo de
aquisição da leitura/escrita!!! Há inúmeros professores da RME que seguem o
método discursivo de alfabetização, que perdem madrugadas para elaborar
materiais alternativos que motivem nossas crianças. No entanto, nem assim
conseguiremos alfabetizar todas, pois há situações muito mais complexas do que
a SME se recusa enxergar.
Logo,
o caminho é resistir e lutar! Só assim poderemos transformar algo na sociedade
e oferecer de fato uma educação que atenda a todos e todas com dignidade.