Goiânia, 13/09/2018.
ASSEMBLEIA SIMSED: REFORMA
DA PREVIDÊNCIA
Companheiros e companheiras
de luta,
Preferi desta vez redigir o
que venho sentindo do que falar espontaneamente para não correr o risco de
esgotar meu tempo sem jogar pra fora tudo que vem causando minha angústia e
decepção.
Primeiramente, estar aqui
mais uma vez com vocês acalenta meu ser, porque se estão aqui, significa que se
preocupam com sua própria dignidade, com nossos anseios que certamente são
coincidentes. Significa que não estão na zona de conforto e não aceitam, de
forma alguma serem usados e usurpados em seus direitos. Por outro lado, me
sinto desconfortável porque quantos deveriam estar aqui e não estão, já que desacreditam
da luta, da educação e da lisura em nosso país? Quantos não estão aqui porque
suas instituições não paralisaram, inclusive a minha? Quantos deveriam estar
aqui, mas sentem-se intimidados pelas equipes gestoras e infelizmente por
nossos próprios colegas administrativos e/ou professores? Quantos deveriam
estar aqui, mas sentem-se ainda ameaçados e/ou encantados pelo próprio Sintego
que se diz um sindicato legal e aponta o Simsed como não reconhecido? E por
fim, e mais grave ainda, quantos não estão aqui porque sequer ainda se deram
conta da gravidade da situação que nos trouxe até aqui e nos levou àquela Casa,
chamada Câmara Municipal de Traidores, indivíduos em sua maioria vendidos pelo
Patrão e inimigos da população?
Quero aqui deixar minha
indignação e revolta por cada vez que compareci à Câmara, praticamente nas
últimas quatro ou cinco últimas semanas (já perdi até as contas) e que a cada
vez que chegávamos lá armavam o circo para adiarem a votação fazendo-nos de
palhaços, desculpem a expressão. Não merecemos ser chamados de palhaços, já que
somos nós quem pagamos os salários daqueles vereadores salafrários que votaram
a favor desta nefasta Reforma da Previdência. Mas esta é a verdade cruel: nos
fazem de palhaços o tempo todo.
Quero também deixar meu
repúdio à ação inescrupulosa do Prefeito bem como do Presidente da Câmara que
ordenaram que nos vigiassem com Polícia Militar como se fôssemos ladrões,
assassinos, bandidos, me desculpem novamente a expressão. Não merecemos ser
comparados a isso, já que são eles quem demonstram não ter caráter, espírito de
justiça, honestidade e ética profissional. No dia 6 de setembro de 2018 e em
todos os outros dias a Polícia estava lá com suas armas de fogo e cassetetes,
enquanto os servidores que estiveram na Câmara estavam armados com suas meras
vozes, palavras de ordem e indignação.
Quero apenas dizer que desde
aquele dia estou de luto, pois senti na pele a
morte do meu direito a uma previdência digna. Estou de luto por conta da
imoralidade que presenciei na Câmara. Não pude me conter quando saí daquele “ninho
de cobras peçonhentas” e fui acometida por lágrimas que jamais havia derramado
por conta das nossas árduas batalhas. Quero aqui declarar minha revolta, porque
nunca me senti tão humilhada e arrasada! Me sinto enojada por cada um dos
vereadores que votaram contra o servidor. E nem vou citar nomes, porque já
estão estampados nas redes sociais, assim como se estampavam nos vilarejos os
retratos falados dos bandidos que protagonizavam os filmes de bang-bang.
Quero apenas dizer que estou
preocupada com minha previdência, com minha progressão, com minha titularidade,
com minha data-base e piso salarial, com os cmeis de placa, com minha sala de
aula que nem ventilador e janela de correr possui. Às vezes, me sinto numa
prisão e para ser franca ando pensando que somos aprisionados o tempo todo pelo
sistema, pelo prefeito, por todos os partidos políticos existentes na face da
Terra, pelo secretário da educação, pelo ciclo, que em suas diversas
controvérsias tem contribuído para o fracasso escolar de nossos alunos. E nesse
último caso, a culpa é de quem? Do professor alfabetizador que não cumpriu bem
seu papel.
No dia em que fui à Câmara
fiquei muito exaltada, como já me é de praxe e acabei me colocando a favor da
greve, último recurso que costumamos enfrentar. Todavia, companheiros, percebi
ao longo dessa semana que nossos colegas não presentes aqui, em sua maioria já
se deram por vencidos, não tocaram mais no assunto nas escolas e infelizmente
quando toquei na questão, muitos se afastaram de mim, porque não virão pra
luta. Logo, quero deixar aqui minha nota conclusiva: estou abalada e indignada,
mas não votarei a favor de uma greve em que poucos virão para os protestos. Não
quero ver uma greve com a força das mesmas pessoas que historicamente desde a
criação do Simsed ou talvez muitos antes disso sempre foram violentadas física
e moralmente. Não quero rever o filme de professores sendo pisoteados e
algemados, como na greve de 2010, cujo prefeito era quem? Iris Rezende.
Não sei quais estratégias de
luta adotaremos. Só sei que o Patrão não tem esse direito: roubar nossa
Previdência para pagar a dívida da incompetência e da corrupção. Por enquanto,
continuarei de luto, porque têm lesado constantemente os investimentos
necessários à Educação, Saúde e Segurança públicas, minha dignidade, meus
direitos, minha vida profissional. E isso me afeta profundamente enquanto ser
humano. Devo aceitar que me matem aos poucos? Fica a reflexão e minhas
saudações a cada um de vocês, com quem aprendi a resistir bravamente.