sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

MAIS UMA VITÓRIA DO MOVIMENTO: PRESOS POLÍTICOS SÃO LIBERADOS.

Na última segunda-feira (15/02) 31 manifestantes foram detidos na ocupação da SEDUCE. 
Acompanhe todos os detalhes neste link: PROFESSORES E ESTUDANTES PRESOS NA DITATURA DO CORONEL MARCONI. 

Foi uma prisão arbitrária e ilegal que evidencia a postura ditatorial do coronel (des) governador Marconi Perillo. 



O julgamento de custódia dos manifestantes detidos na ocupação da SEDUCE ocorreu na quarta-feira (17/02). A audiência foi realizada às 14:00 horas no Fórum Criminal de Goiânia na 7ª Vara Criminal. 

No primeiro momento o acesso ao Fórum estava liberado, entretanto, fomos avisados que somente os advogados poderiam acompanhar o julgamento. Foi colocado um cordão de isolamento próximo à sala em que aconteceria a audiência, nem mesmo os familiares puderam assistir o julgamento que deveria ser público. Mas as restrições não acabaram por aí, ao chegar um ônibus com estudantes e apoiadores foi PROIBIDA a entrada no prédio. Acreditem!!! PROIBIDO O ACESSO EM UM PRÉDIO PÚBLICO, PARA ACOMPANHAR UMA AUDIÊNCIA PÚBLICA! 

Mesmo diante do autoritarismo os companheiros permaneceram do lado de fora do prédio para acompanhar o desenrolar do julgamento.




A audiência foi presidida  pelo Juiz Adegmar José Ferreira. Os manifestantes foram julgados em grupos e estavam sendo escoltados como se fossem bandidos de alta periculosidade.






Ao entrar nos corredores os companheiros foram recebidos com aplausos, saudações e a palavra de ordem "NÃO TEM ARREGO".




O Ministério Público requereu a liberdade dos detidos com a incidência de algumas cautelares, dentre elas, a proibição de acesso ao prédio da SEDUCE. Os advogados ratificaram o pedido de liberdade, uma vez que não há individualização das condutas e que a ocupação se deu em um contexto de manifestação em defesa da educação pública de qualidade, não tendo sido, portanto, uma conduta criminosa. Requereram, ainda, a não incidência da cautelar de proibição de acesso à SEDUCE, visto tratar-se de prédio público, ao qual os estudantes e professores da rede estadual necessitam acesso para resolverem questões administrativas. Ante a argumentação exposta, o Juiz decidiu pela concessão da liberdade sem a incidência da cautelar, confirmando os requerimentos da defesa. Em sua decisão, fundamentou que a SEDUCE é um espaço de educação, e que não devem ser impedidos de nela entrarem aqueles que estão lutando por uma educação melhor.



Após a soltura, os manifestantes foram recepcionados com muita comemoração pelos apoiadores presentes.


Esta é uma vitória importante do movimento popular no estado de Goiás. Lutar por uma educação pública de qualidade e por democracia não é crime! Repudiamos as medidas do Estado de criminalizar aqueles que lutam!

"Em um Estado de ditadura policial, ser preso político se tornou algo banal."
  


DEPOIMENTO DO   PROF. ALEXANDRE DE PAULA MEIRELLES



SOBRE A MINHA PRISÃO E A LUTA CONTRA AS OS'S NA EDUCAÇÃO DE GOIÁS. 

Como muitos já sabem fui um dos Professores presos na Ocupação da SEDUCE, junto com os Professores Thiago Oliveira Martins e Rafael Saddi, estudantes secundaristas e estudantes universitários. Tal fato como muitos também já sabem teve repercussão internacional. Diante do turbilhão de coisas que aconteceram nos últimos três dias, venho escrever sobre o ocorrido. Antes de tudo, gostaria muito de agradecer de coração todas as mensagens que recebi e li aqui quando cheguei em casa e as mensagens que os companheiros nos enviaram na prisão e principalmente pelo apoio crucial que tivemos nesse momento. E é importante dizer isso aqui, porque o Movimento contra Administração das Organizações Sociais nas Escolas Públicas não era apenas composto pelo pessoal que foi preso na SEDUCE, mas por todas as pessoas que há vários meses vem apoiando e ocupando as escolas públicas no intuito de barrar o avanço desse projeto irresponsável e indecente que quer privatizar as escolas de Goiás colocando-as nas mãos de pessoas que tem processos judiciais por má administração e que termina de sacralizar a educação pública como mercadoria que servirá para o lucro de terceiros. Fomos presos dentro do direito legítimo de manifestação que é garantido por lei. Para conter 31 manifestantes (PROFESSORES E ESTUDANTES DESARMADOS) foram enviados centenas de Policiais do Batalhão de CHOQUE e dois Helicópteros com policiais da GRAER (Grupo de Rádio Patrulha Aérea), reitero 31 manifestantes desarmados. Não tivemos direito de negociar para sair pacificamente, fomos agredidos com Spray de Pimenta e cacetetes, algemados como criminosos e colocados dentro de um ônibus de transporte público (que deveria estar sendo usado pelo transporte público) e mantidos dentro do ônibus por 13 horas expostos como animais de zoológico a vista para a população que passava pela rua. Fomos conduzidos para DRACO (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas) e depois conduzidos à DEIC (Delegacia de investigação Criminal), onde não fomos colocados em uma cela, mas sim, em uma área sem cobertura expostos ao sol quente sem nenhuma sombra, continuaram nos tratando como se fossemos animais. Nos negaram água para beber e para tomar banho, e não deixaram entrar os colchões que os companheiros se esforçaram para nos levar. Dormimos no chão sujo cheio de insetos no sereno sem cobertas. Antes que alguém passasse mal por conta da desidratação, contamos com a solidariedade dos detentos que estavam ali, que no fim da tarde na troca de turno da carceragem conseguiram para nós algumas garrafas de água e um banho rápido. Foram os detentos que garantiram também o nosso almoço e janta. Ao entrar para tomar banho pudemos observar celas muito pequenas abarrotadas de pessoas, escuras, algumas delas trancadas a mais de 3 dias privando os presos de tomar sol e ir ao banheiro fazer suas necessidades, e muitos deles não tinham espaço nem para esticar suas pernas para dormir.
 O banheiro obviamente em péssimas condições. Uma total desumanização que os detentos passam diariamente. Nestas condições o Governo do Sr. Marconi Perillo nos manteve por dois dias. Me sinto aqui na obrigação de explicitar o que os detentos passam diariamente e que se não fosse por eles as nossas condições teriam piorado bastante. Nestas condições o que nos deu muita força foram as poucas notícias que chegavam de toda a Mobilização que foi feita pelos nossos companheiros de luta do lado de fora. Sim companheiros, a mobilização de vocês foi tão importante quiçá maior que a nossa ação política. 
NÓS ERAMOS VOCÊS ALI DENTRO E VOCÊS ERAM A GENTE LÁ FORA!! Agradeço mais uma vez a importância de vocês, sabemos que foi uma imensa dificuldade nos acompanhar toda a noite para evitar mais abusos e ficar sem dormir pra no outro dia fazer a mobilização e ao mesmo tempo buscar notícias e tentar nos ajudar nas condições da cadeia. A existência de vocês não foi só importante pra nos ajudar mas pra mostrar a Força política e a solidariedade que o Movimento contra as OS's tem desde o começo. Então é muito importante colocar nesse processo um conjunto de coisas que vai desde a ocupação das escolas, feita pelos estudantes resistindo as pressões do governo, os apoiadores que garantiram também a dignidade destes estudantes dentro das ocupações, mobilizando a mais de dois meses a garantia de comida, gás, e outras necessidades que as escolas precisaram nesse período, a presença nas manifestações de rua. Tudo isso faz de nós um movimento imenso. Encarcerados, éramos, segundo a TV Anhanguera, estudantes e professores, dentre estes, três mestres e doutores. Mas nós sabemos que o movimento é muito maior e que ele comporta milhares de estudantes, centenas de mestres e doutores, muito bem fundamentados e preparados para discutir e lutar contra as OS's, dando uma legitimidade muito mais concreta que os milhões de reais investidos em propaganda que o Governador Marconi Perillo investe para enterrar goela abaixo esse projeto irresponsável. SOMOS MILHARES! POR ISSO CONSEGUIMOS SUSPENDER O EDITAL DAS OS's!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
Pra finalizar eu queria dizer que todo esse conjunto de acontecimentos me deu muita força pra continuar na luta. Mas que também foi impagável (escrevo agora com lágrimas) ver a minha mãe ali junto com vocês me apoiando, gritando e legitimando toda a nossa luta! Quem me conhece sabe o tanto que isso tem significado. 

O fôlego já tá renovado e eu só digo uma coisa: NÃO TEM ARREGO!




NOTAS DE SOLIDARIEDADE




Parte superior do formulário

NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS 31 PRESOS POLÍTICOS EM GOIÁS (ENTRE ELES O PROFESSOR RAFAEL SADDI TEIXEIRA)



A utilização de violência pela Polícia militar contra professores e estudantes até pouco tempo atrás nos lembraria de cenas da ditadura que ocorreu no Brasil entre 1964 – 1985. Mas não se trata disso a nota de solidariedade. Também não estamos rememorando o “30 de agosto de 1988”, nem mesmo o “29 de abril de 2015” (datas marcantes em que a PM do Paraná agiu com violência contra os professores do estado em defesa dos interesses da gestão).

Nós do Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica da Universidade Federal do Paraná, divulgamos essa nota em solidariedade aos professores e estudantes presos em Goiânia no dia 15 de fevereiro de 2016, enquanto se manifestavam ou prestavam apoio às manifestações contrárias ao processo de privatização gradual do ensino público em Goiás.

Em uma ação truculenta orquestrada pelo governador Marconi Perillo (PSDB – Goiás), professores e estudantes foram presos, em Goiânia, por exercerem democraticamente contrariedade às intenções antidemocráticas do governo do estado em passar a gestão das escolas públicas para Organizações Sociais (OSs). Processo arbitrário que contraria princípios internacionais do direito, leis federais e até mesmo do próprio estado de Goiás, de acordo com o parecer do Ministério Público de Goiás http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2016/02/16/17_36_26_430_Recomenda%C3%A7%C3%A3o_MPE_MPF_e_MPC_suspens%C3%A3o_edital_OSs_nas_escolas.pdf.

Na segunda-feira (15) seriam abertos os envelopes com as propostas das (OSs) no prédio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Estado de Goiás (SEDUCE). Como estavam presentes setores da sociedade civil, a SEDUCE mudou o local de abertura dos envelopes. Em resposta a esse encaminhamento sem transparência, os secundaristas ocuparam o prédio da secretaria. O que se seguiu foi uma ação da Polícia Militar (com apoio de helicópteros) que resultou na prisão de 31 pessoas (entre eles 18 menores).
Um dos observadores era o professor Rafael Saddi Teixeira, companheiro de muitas atividades na área da Educação Histórica, que estava apoiando o movimento dos secundaristas e entrou junto com a PM apenas para observar a desocupação. No entanto, a PM ordenou que TODOS deitassem no chão e deu voz de prisão. Como se a ação truculenta das forças do governo do estado não fossem o bastante, os presos e presas foram levados para o Departamento de Investigações do Crime Organizado (DEIC) e para a 14ª Delegacia de Polícia de Goiânia, respectivamente. As três mulheres presas passaram a noite em celas onde receberam ameaças de detentas, e os homens passaram a noite ao relento no pátio da DEIC, pois não permitiram a entrada de colchonetes.
Os presos políticos foram liberados apenas no dia 17 de fevereiro, sem o pagamento de fiança, sem medida cautelar, depois de uma audiência na 7ª Vara Criminal, em que o juiz acatou as alegações da defesa, evidenciando a arbitrariedade das prisões.
O LAPEDUH presta solidariedade aos presos e presas e repudia as ações de violência que governos tem feito com professores e estudantes. Seja no Paraná, São Paulo, Goiás ou qualquer lugar, não devemos nos silenciar cada vez que um governante age com ares ditatoriais. Em tempos que governadores usam helicópteros em ações da polícia contra os cidadãos que defendem a educação pública, é preciso agir para garantir os direitos de uma educação e de uma sociedade democrática.

Contra a privatização do ensino público!
E em defesa da educação democrática com gestão democrática!

BOA NOTÍCIA: Ministério Público quer suspender edital das OSs na Educação

O promotor Fernando Krebs, do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), a promotora Carla Brant, do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), e o procurador da República Mário Lúcio Avelar, do Ministério Público Federal (MPF), se reuniram nesta terça-feira na sede do MP-GO para apresentar recomendação para suspender o edital de chamamento das Organizações Sociais (OSs) para gerir escolas da rede estadual de ensino de Goiás.

Eles apresentaram uma série de ilegalidades que deverão ser corrigidas caso o Estado deseje dar continuidade ao processo. A principal delas é que, de acordo com Krebs, uma OS poderia gerir somente a administração, e de forma alguma a área educacional pública. “As OSs não pode selecionar professores. Isso é inconstitucional”, disse promotor, frisando que fato está previsto na Constituição Federal e do Estado. 

O edital de chamamento prevê a gestão administrativa de 23 escolas de Anápolis, sendo que a organização participará no plano pedagógico de cada escola. A secretária Raquel Teixeira frisou, em diversos momentos, que o modelo pedagógico será do governo estadual, e apenas implementado pela OS vencedora. Os promotores, entretanto, garantiram que o edital é confuso, ora prevendo a implementação, ora a elaboração.

Para Krebs, “OS na Educação é o novo Simve do governo”. O promotor se referiu ao Serviço de Interesse Militar Voluntário Especial (Simve), que chegou a ser instituído pelo governo de Goiás, mas depois foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

A recomendação seria entregue à Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) ainda nesta terça. De acordo com Carla, em dez dias o MP deve ter uma resposta do Estado. Caso a recomendação não seja acolhida, o grupo pretende ir atrás de uma ação civil pública, “ou um remédio jurídico eficaz”, como disse a promotora, para impedir contrato da forma prevista no edital. 
 fonte: http://www.opopular.com.br/editorias/cidades/minist%C3%A9rio-p%C3%BAblico-quer-suspender-edital-das-oss-na-educa%C3%A7%C3%A3o-1.1038535



Confira o vídeo com o Professor  Dr. Rafael Saddi, relatando como foram os dias terríveis na delegacia e por que as ocupações incomodaram tanto o (des)governador.





Apesar do governador Marconi Perillo (PSDB) ter se escondido em uma viagem de luxo para a Oceania, a repercussão dos atos de autoritarismo do mesmo e da secretária de educação Raquel Teixeira, está só aumentando!
Solidariedade nacional aos 31 presos políticos, entre estudantes secundaristas, professores e apoiadores pela luta contra a privatização criminosa da educação pública em Goiás. A repressão desesperada do Estado, garantida pelas armas do CHOQUE, ROTAM E GRAER, só significava uma coisa: os estudantes já tinham vencido. 
 




LUTAR NÃO É CRIME ! NÃO TEM ARREGO!